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terça-feira, 27 de maio de 2025

 

Aclamação maçônica

 

 

A⸫ G⸫  D⸫  G⸫  A⸫  D⸫  U⸫
ACLAMAÇÃO MAÇÔNICA
O RESGATE DA PALAVRA


Com o passar dos séculos, a palavra primitiva que compunha nossa saudação ritual foi esquecida, sendo substituída por outra de som semelhante, mas de sentido obscurecido. Assim, o gesto permaneceu, mas o símbolo esvaziou-se. Quando a palavra se cala e o gesto já não carrega seu verdadeiro significado, o ritual corre o risco de tornar-se mera repetição. Por isso, em nome da Luz que buscamos e da Verdade que veneramos, propomos restaurar o sentido da saudação, elevando-a ao seu mais nobre propósito: afirmar, com plena consciência, o compromisso com a Obra.

O Ritual é o fio de ouro que une o invisível ao visível.

A Palavra, quando pronunciada com intenção pura, transcende o som e se torna Ação. Ressurtida de um passado encoberto pelo diáfano véu do escoamento do tempo — onde ecos se dissolvem, palavras se corrompem e sentidos adormecem —, surge a proposição de restaurar uma saudação esquecida, não como simples arqueologia ritual, mas como um gesto vivo de reconexão com a essência da Obra

não por falta de uso,
mas por excesso de ruído.

Como costume, ao iniciarmos e encerrarmos nossos trabalhos, exclamamos três vezes palavras como:
"Huzzá!",  "Huzzé!" ou variantes afins.
E o fazemos com entusiasmo, com vigor, com alegria.

Entretanto, propomos algo além da exultação.
Propomos o sentido.
Propomos a continuidade.
Propomos a lembrança de quem somos.

A palavra Huzzé, usada como exclamação ritual no Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), tem origem incerta segundo todas as referências existentes, desde um passado remoto até os dias de hoje. Não aparece nos primeiros rituais simbólicos de 1804, mas surge em 1820 em rituais belgas com a grafia Houzzai, transcrição fonética francesa de Huzzah, termo inglês. Em 1872, Albert Pike adota a forma Huzza, e Mackey a registra como saudação maçônica, mas é impreciso quanto a sua origem e significado.

 Segundo dicionários em diversas línguas, huzzah é uma interjeição de alegria, encorajamento ou saudação, invariavelmente dando como sua origem no uso naval e militar dos séculos 17 e 18, comparável a hurrah. No contexto maçônico, a aclamação pode ter sido herdada do Rito de Heredom, ligado aos exilados jacobinos e às tropas de Frederico II da Prússia. Apesar de haver interpretações esotéricas sobre seus efeitos em Templo, historicamente trata-se apenas de um grito de aclamação ritual, tal como “Vivat, vivat, vivat” ou “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” em outros ritos.

A presente Peça de Arquitetura trata-se de uma busca por unidade semântica e fonética entre textos sagrados e práticas rituais.


I. A Palavra “‘Oséh” (עֹשֶׂה) – O resgate

Embora não seja uma religião, nem uma seita, a Maçonaria opera no plano simbólico, e por isso recorre a narrativas, personagens e expressões extraídas das Escrituras (especialmente do Antigo Testamento) como veículos de ensinamento moral, ético e iniciático.

A Bíblia, o “Livro da Lei” para a Maçonaria — particularmente no Rito Escocês Antigo e Aceito —, é vista como um livro de sabedoria tradicional, referência de lei moral, e repositório de arquétipos simbólicos, e não necessariamente como um texto sagrado confessional. Ela é uma das "Três Grandes Luzes da Maçonaria", ao lado do Esquadro e do Compasso.

Nos versículos que se seguem:


 ·   Salmo 115:15“Benditos sejais do Senhor, que fez (עֹשֵׂ֣ה –‘oséh) os céus e a terra.”
 ·   Jeremias 10:12“Ele fez (עֹשֶׂה – ‘oséh) a terra pelo seu  poder, firmou o mundo com sua
     sabedoria, e estendeu os céus com seu entendimento.”

E ainda:

·   Deuteronômio 10:17-18 — Aquele que faz (עֹשֶׂה – ‘oséh) justiça ao órfão e à viúva.”                 (Tanakh)

  "‘Oséh" vem do verbo hebraico עָשָׂה (asáh), que significa: fazedor, construtor, realizador, agente, operante, restaurador, isto é, um estado contínuo de criação.

Na forma particípio ativo masculino singular (‘oséh), significa literalmente “aquele que faz”, “o construtor”,   ou “o realizador”. No entanto, quando proferida em    uníssono por todos os Irmãos da Oficina, ela ultrapassa a   gramática singular para assumir um valor coletivo e     simbólico. Quer dizer, "‘oséh" não é um nome própriomas sim uma designação funcional do próprio Grande Arquiteto do Universo como criador em ação, diferente de “El” (Deus como ser), “Adonai” (Senhor) ou “Elohim” (potência plural).  

A Escritura nos diz:

“Benditos sejais vós do Senhor, que fez os céus e a terra.” (Salmo 115:15):

בְּרוּכִים אַתֶּם לַיהוָה, עֹשֵׂה שָׁמַיִם וָאָרֶץ

בְּרוּכִים (Berukhim) – Benditos, אַתֶּם (Attem) – Vós, לַיהוָה (LaYHVH) – do Senhor,

 עֹשֵׂה (‘Oséh) – que fez, שָׁמַיִם (Shamayim) – céus, וָאָרֶץ (Va’aretz) – e a terra

 “Ele fez a terra pelo seu poder, firmou o mundo com sua sabedoria, e estendeu os céus com seu entendimento.”
(Jeremias 10:12)

עֹשֶׂה אֶרֶץ בְּכֹחוֹ, מֵכִין תֵּבֵל בִּתְבוּנָתוֹ; וּבִתְבוּנָתוֹ נָטָה שָׁמָיִם

עֹשֶׂה אֶרֶץ בְּכֹחוֹ (ʿōśê ʾāreṣ bəḵōḥō) Faz /a terra /com sua força מֵכִין תֵּבֵל בִּתְבוּנָתוֹ (mēkônēn tēbēl bəḇināṯô) Estabelece/o mundo habitado/com sua sabedoria וּבִתְבוּנָתוֹ נָטָה שָׁמָיִם (ûbiṯəḇûnāṯô nāṭâ šāmayim) E com sua inteligência/estendeu/os céus

Aquele que faz justiça ao órfão e à viúva.”  (— Devarim (Palavras) / Deuteronômio 10:17-18 – (Tanakh)

עֹשֶׂה מִשְׁפַּט יָתוֹם וְאַלְמָנָה

עֹשֶׂה (‘Oséh) faz /aquele que faz – מִשְׁפַּט (mishpát)  justiça / juízo – יָתוֹם (yatóm) órfão –

וְ (vê) e – אַלְמָנָה (almaná) viúva

Nestes versículos, o termo ‘Oséh é usado para descrever o Grande Arquiteto do Universo como o Agente ativo, o Obreiro Sagrado da Criação, o Restaurador.


Mas o mesmo termo designa também o homem justo, o sábio, o que age com retidão — o Iniciado


II. Significado esotérico de “‘Oséh”

No empenho em demonstrar uma saudação iniciática (e não uma exclamação eufórica), "‘Oséh" vem oferecer  um valor simbólico poderoso, especialmente se inserido na linguagem ritualística da Maçonaria:

Palavra

  Origem

Valor esotérico possível

Huzzé!

     Inglês arcaico

    Brado de ação, afirmação da vontade (exotérico)

Osé!

    Hebraico bíblico

    Aquele que faz, realiza — o artesão divino (esotérico)

 


III. Um paralelo iniciático: do mito à aclamação

Etapa

     Personagem

      Palavra

   Significado

Realização

          Hiram

         ‘Oséh

        Forja da criação


Assim, é formada uma aclamação iniciática de natureza transformadora, não apenas comemorativa. É algo como um grito contido de continuidadeum sinal entre Iniciados de que a obra ainda está em curso.

A exclamação עֹשֶׂה (‘Oséh), repetida três vezes como proclamação maçônica — praticada pelos antigos Construtores Especulativos e, possivelmente, também pelos Operativos — foi encoberta por Huzzá, em um palimpsesto sonoro e simbólico que revela, sob nova roupagem, ecos do verbo ancestral. No entanto, sua retomada não apenas respeita a fonética e o ritmo característico dos ritos, como também restaurar um profundo sentido de continuidade e propósito criador, em contraste com aclamações desvinculadas de raízes autênticas.


 


IV. A TRÍPLICE REPETIÇÃO

Por isso, propomos que, em vez de uma aclamação genérica, possamos repetir, em uníssono, com força e vigor a exclamação “Osé!”,  tornando-a então a voz da Oficina como um todo, proclamando: “fazemos”, “estamos fazendo”, “somos construtores”. A ação de cada Obreiro se funde na ação maior da Loja, num esforço conjunto de edificação moral, espiritual e simbólica.

Osé! Osé! Osé!

(עֹשֶׂה  – עֹשֶׂה  – עֹשֶׂה)
(Laboramos! Laboramos! Laboramos!)


Cada repetição marca um grau:

·        O primeiro Osé! é a Intenção, a tradição (trabalho ritual, alquimia interior),

·        O segundo Osé! é a Ação, a continuidade (“labor” era comum tanto entre os antigos quanto entre os fundadores especulativos),

·        O terceiro Osé! é a Consagração, a elevação e a exaltação da persistência do Obreiro que compreende que a Obra é infinita.









V. O DESAFIO DA AÇÃO

Na cabala

  • A raiz ע-ש-ה (Ayin-Shin-He) está associada ao Mundo de Assiyah (עשיה), o mundo da Ação, o mais "baixo" dos quatro mundos cabalísticos (Atziluth, Beriah, Yetzirah, Assiyah).
  • Assiyah é o plano onde a força divina se materializa. É onde o Iniciado atua.

Em termos cabalísticos, Oséh é o ser consciente atuando no mundo de Assiyah, agindo como co-criador com o Eterno.

Segundo a Cabala vivemos no mundo de Assiyah — o mundo da ação, da matéria, das escolhas. É nele que o Maçom revela sua Luz. Ao aclamarmos com "Osé! – Osé! – Osé!", não celebramos uma vitória  afirmamos um Compromisso.

Não se trata de uma simples saudação, mas de uma afirmação ritualística da identidade ativa do Maçom. É a consciência de que a Obra não está terminada, de que o Templo ainda se ergue — dentro de nós e entre nós.

Assim, ao bradarmos “Osé!, Osé!, Osé!”, reafirmamos nossa missão, em Templo e fora dele ainda laborando — no mundo, no silêncio, na pedra.

Lembramos a nós mesmos que a Loja não se fecha:
Ela continua em cada gesto nosso lá fora,
em cada palavra justa, em cada pedra que deixamos menos bruta que ontem.
Na afirmação de quem reconhece que o Templo não está concluído,
mas segue sendo erguido,
pedra a pedra,
silêncio a silêncio,
por mãos que laboram.

Osé! Osé! Osé!

Que a Luz se renove na Obra de cada um.

Autor:

Valton Sergio von Tempski-Silka – Past Master REAA, M.M.M. York Rite, Past Gr Sec RRel EExt⸫ na G⸫L⸫P⸫ - Or⸫Curitiba-PR, Brasil -  https://omitoeaperacarmen.blogspot.com/

© Valton Sergio von Tempski-Silka - 2025. 11903 - REGISTRO DE OBRAS FBN E60701190202506050100DY52OTRIVVI-Todos os Direitos Reservados

Fontes: 

King James Bible; The Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania; Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry – Albert Pike, 1872; An Encyclopaedia of Freemasonry and its Kindred Sciences – Albert G. Mackey, 1873 and 1878; Rituais (Port.; Ing.; Fra.) diversos do REAA. Ilustrações geradas por meio de IA.


“Hoschea (Hōšēa: heb., הוֹשֵׁעַ, “Oseias”, um nome próprio significando “Salvação”- N.do A.). The word of acclamation used by the French Masons of the Scottish Rite. In some of the Cahiers it is spelled Ozee. It is, I think, a corruption of the word huzza, which is used by the English and American Freemasons of the same Rite.”– Albert G. Mackey, p. 350, 357. Trad.: A palavra de aclamação usada pelos maçons franceses do Rito Escocês. Em alguns dos Cahiers, é soletrada Ozee. É, creio eu, uma corruptela da palavra huzza, usada pelos maçons ingleses e americanos do mesmo Rito. – An Encyclopaedia of Freemasonry and its Kindred Sciences – Albert G. Mackey, 1873 and 1878, p. 350, 357.

 

sexta-feira, 10 de abril de 2015

O MITO E O LIVRO
MOBY DICK
EM BUSCA DA VERDADE
 Quando menino eu costumava passar longos períodos de férias escolares em companhia de meus pais e irmãos, na casa de veraneio da família num lugarejo denominado Piçarras, balneário no litoral norte do estado de Santa Catarina.  Não raro os dois primeiros meses do ano por ser verão, e o mês de julho inteiro porque as férias eram mais curtas. Naquela faixa litorânea desenvolvera-se intensamente a atividade baleeira,  empreendida com embarcações rudimentares, mas muito resistentes -  impulsionadas à força dos braços dos pescadores nativos, homens de descendência predominantemente açoriana, utilizando remos de fabricação artesanal em madeira de guapuruvu – assim como os cabos dos arpões e o próprio madeiramento das baleeiras :  sólidos, longos e leves.

 Entretanto, no período em que se passa este relato, nos anos ’50 do século passado, a atividade de captura de baleias já entrara em franco processo de decadência.

Barra Velha, anos '50, séc. XX.
O troféu dos caçadores jaz sobre a areia da praia.


  A industrialização dos animais abatidos não se localizava exatamente em Piçarras, mas em lugares muito próximos: Armação ao sul e Barra Velha mais ao norte. Em Piçarras, baleias eram motivo extemporâneo de passatempo nas tardes frias e modorrentas. Travavam-se disputas acirradas para saber quem enxergava antes dos outros o “repuxo da baleia”, que à distância se podia observar. Mas era em Barra Velha onde restavam vestígios exacerbados da atividade baleeira. Costumeiramente ao retorno das férias, fazia-se uma parada obrigatória nesse vilarejo, localizado onde se virava as costas ao litoral definitivamente, rumo ao planalto. A justificativa era a imperiosa necessidade de armazenar energias antes de empreender retorno, que a depender das condições da estrada - pavimentada com saibro e sambaqui - podia exigir muitas horas de exaustiva viagem. Com efeito, nada mais era do que poder lançar um último olhar para as águas verdes azuladas do mar, que restaria inalcançável por muito tempo. Lá havia uma espécie de estalagem, um bar em cujo pátio frontal foram espalhadas vértebras de ossadas ressequidas de baleia,  à guisa de mesas e bancos, cercadas decorativamente com ossos de costelas de cetáceos fincados na areia. Sentado sobre uma vértebra, apoiado em outra onde repousava uma garrafa de refrigerante esvaziada, envolvido pelas encurvadas ossadas esbranquiçadas sentia-me Jonas, Pinóquio talvez.

Abóbada de ossos
E era com esta derradeira imagem, uma abóbada erguida com gigantescos ossos de um monstro desconhecido, que o menino abandonava o seu universo de fantasias e via encerradas as suas férias.
Entretanto, caminhando em direção ao fim da sua infância, aquele menino experimentava um precoce  e irreprimível interesse pela leitura, que veio a ser atendido de maneira especial quando folheando exemplares da revista que periodicamente, como por encanto ficavam ao seu alcance - Seleções do Reader’s Digest  - detinha-se na “Seção de Livros”, que sempre trazia um título diferente de alguma obra escolhida, em formato abreviado. Certa feita deparou-se com um título curioso: “Moby Dick”.

 Alimentando sua curiosidade com a ilustração que anunciava o romance: uma gigantesca baleia enredada nas cordas entrelaçadas dos arpões dos marinheiros-caçadores que tentavam, ao mesmo tempo, manter flutuando uma frágil embarcação;  tudo em meio a um oceano bravio com ondas enormes,  nuvens escuras e um céu ameaçador. Imediatamente abandonou-se à leitura, transportando-se para um mundo que imaginava dominar:  afinal de contas ele conhecia baleias como nenhum outro menino da sua idade, por dentro e por fora (pensava ele),  e aquela imagem era o seu elemento. Na sua inocência pueril leu inteiramente o romance,  desejando enxergar em cada linha o desdobramento das aventuras de um herói que certamente sairia vencedor no final. Contudo, quando um título incide sobre a fera, o inimigo e não o herói, ele confunde nossas ideias sobre o caráter dos personagens e nos provoca questionamentos. Por que o nome do protagonista não é o título do romance? O uso do nome do antagonista como título impedia o jovem leitor concluir se o herói era Ismael ou Ahab. Mas havia também outra possibilidade: talvez o título do romance fosse o nome do protagonista. Talvez Moby Dick fosse a verdadeira estrela dessa história, e Ahab o antagonista, e Ismael apenas um espectador... Ou haveria ainda uma terceira possibilidade: a de que a baleia branca não era boa nem má. Tratava-se apenas do encontro com uma coisa estranha e muito perigosa, como qualquer outro monstro das histórias em quadrinhos.

Quase que simultaneamente, em 1956 – dentro, portanto daquele período em que se desenrola essa vivência pessoal – surgiu um filme com o mesmo título, cuja publicidade mostrava uma ilustração semelhante àquela que acompanhava o texto na revista, porém mais impressionante e arrebatadora, tornando-se um corolário apoteótico dessa fantástica experiência,  mais visual -  com efeito -  do que propriamente intelectual.  Mal sabia ele, contudo, que o “seu elemento” viria a ter outros componentes;  e o que o autor desejava enfatizar naquela dramatização aparentemente juvenil era o relacionamento do homem para com eles, os elementos e a baleia sendo apenas o maior de uma série inteira que o ameaça constantemente para, em última análise, destruí-lo. Natureza, a natureza humana - todas as coisas que lutam contra a sua inteligência, que ameaçam devorá-la. Porém, esta reflexão ele só viria a elaborar quando adulto detentor, então, de uma razoável bagagem de conhecimentos e informação que iriam auxiliá-lo a decodificar - lendo a obra completa - o simbolismo mediante o qual o autor sustentou a proposição oculta da sua obra.  Quanto a isto foi necessário tomar cuidado com este romance: símbolos desacompanhados das chaves para encontrar seus significados, códigos a decifrar (pelo menos não sem muito esforço).
A confrontação e competição com os limites do conhecimento humano mantêm a história entrelaçada como uma corrente resistente. Removendo aquelas partes - aquelas “digressões”, os capítulos obliterados - a coisa toda perderia o seu real significado.



Moby Dick é uma novela clássica da literatura universal escrita por Herman Melville, escritor americano, em 1851. Os muitos capítulos que atingem alguns leitores como estranhos - aqueles eliminados na edição condensada - são o que fazem de Moby Dick mais do que um simples nó de marinheiro. Sem dúvida, podem ser lidos como a história da aventura de uma tripulação liderada por um compulsivo, talvez enlouquecido capitão, em busca da baleia branca que tinha arrancado a sua perna. Mas todos os capítulos que não contribuem diretamente com essa história são o que, na verdade fazem muito mais por este romance: a cética consideração da crença em Deus, um olhar sobre raça e escravidão, uma crônica da industrialização e da tentativa do homem em conquistar e encilhar a natureza, uma representação da florescente atividade imperialista norte-americana, o embate entre os contrários e as articulações do duplo e, em última análise, também relatando um retrato de homens à caça de baleias e vingança.

 Esta história clássica, relatada pelo único sobrevivente de um navio baleeiro perdido, revela a inclinação autodestrutiva de seu capitão Ahab ao caçar uma baleia branca, Moby Dick.  A baleia causara anos antes a perda de uma das pernas de Ahab,  deixando-o com o estigma de uma  deficiência física;  um rejeitado,  obrigando-o a caminhar sobre as tábuas do seu navio com uma perna de pau. Ahab é tão obcecado pelo seu desejo de matar a baleia-leviatã, que está preparado para sacrificar tudo, incluindo a sua vida, a vida dos membros da sua tripulação e até mesmo o seu navio,  para encontrar e destruir sua nêmeses, Moby Dick. Ahab (nome bíblico, significando Tio, evocando não Tom, mas certamente Sam), contudo, não personifica um simples “pirata da perna de pau”, porém e definitivamente uma espécie do Prometeu, do Hefáistos, do Édipo grego, o coxo revelando sua fraqueza espiritual e buscando uma compensação transformadora pela sua deformidade.
Ismael (também um nome bíblico, significando “Deus ouvirá”) e Ahab compartilham as tendências de “busca” de Herman Melville, que os encaminha para propósitos radicalmente diferentes. Como narrador Ismael se perde em seus devaneios, ponderando sobre filosofia, arte, natureza e taxonomia das baleias. Ahab, o homem de ação, é motivado pela vingança; sua busca tem um objetivo definido. Ambos os personagens usam "mergulho" como uma metáfora às suas buscas para obter respostas. [...] Sob este mundo maravilhoso da superfície há outro e ainda desconhecido mundo [...]; satisfação com as aparências da superfície significa abraçar a ignorância. [...] De todos os mergulhadores, tu mergulhastes o mais profundamente [...], diz Ahab a um cachalote, como se a criatura pudesse possuir a resposta à sua pergunta incômoda. Ismael usa "mergulho" como uma metáfora para a sua aprendizagem enquanto protesta contra a tradição excitante da baleeira, um dos inúmeros assuntos em que ele mergulha.
A ideia do mergulho para encontrar a verdade leva Ismael a associar terra com o conhecido e água com o desconhecido, concluindo que fazer-se ao mar é uma educação. Ele encontra paralelo entre o mundo exterior e os processos mentais:
[...] Vislumbres fazem a vós parecer ver a VERDADE mortalmente intolerável; que todo pensamento profundo, sério, reflete o esforço intrépido da alma para manter  a aberta independência do seu mar; enquanto os ventos mais selvagens do céu e da terra conspiram para lança-la na costa traiçoeira, servil? [...]
[...] Mas, na ausência de terra reside sozinha a VERDADE mais elevada, sem praias, indefinida como Deus - por isso, melhor é perecer no uivante infinito, do que correr ingloriamente até um abrigo, mesmo se lá estivesse a segurança. [...]

 O significado de Moby Dick é provavelmente a parte mais disputada do romance. Moby Dick é dita, por alguns, incluindo o ensandecido capitão Ahab, como sendo o símbolo de todo mal,  de toda paixão e até mesmo a própria vida. O leitor é convidado a tomar partido  para perceber Moby Dick de muitas maneiras diferentes, mas em conformidade com a atitude de Ahab em relação à baleia, com um ódio inconcebível e uma cupidez incontrolável por vingança.

 Moby Dick também simboliza o incognoscível, aquilo que os indivíduos perseguem, mas nunca podem alcançar. Ela passa a maior parte do tempo submersa, sob as ondas, fora de vista, capaz de ser visualizada somente em lampejos e fragmentos. Em certo sentido, a busca de Moby Dick simboliza a busca e captura da totalidade de uma verdade duradoura, uma representação completa da compreensão da natureza e do lugar do homem na existência, o que, pelo visto, jamais poderemos possuir, mas para a qual Ahab sacrifica a própria vida imolando-a ao seu empreendimento, em última análise inútil.
Pequod, a nau cujas dimensões vão do Norte ao Sul,
do Oriente ao Ocidente, do Zênite ao Nadir.

 Pequod, a nau baleeira - cuja tripulação é internacional  (tendo componentes americanos e de outras regiões do mundo) o que revela uma eclética e impressionante variedade de origens dos marinheiros . Era um navio feio onde as velas, pelo menos para a tripulação de caça à baleia,  traziam um símbolo de desgraça: pintadas de preto e cobertas de desenhos de dentes e ossos de baleia - idealizados por Peleg (outro nome bíblico, significando “divisor”), um dos proprietários do Pequod, assim como a pintura do próprio navio literalmente grotesca, com evocações de morte violenta. Era, de fato, marcado para a morte. Adornado como um féretro primitivo, o Pequod acaba por se tornar um (o nome “The Pequod "em si é derivado de um dos primeiros povos nativos americanos que foram destruídos pelos colonos). Assim, 'The Pequod' representa aniquilamento e, de toda maneira um símbolo do próprio universo.

 Quando a tripulação  parte à caça de alguma baleia permanece no navio [...] o mais insignificante da tripulação do Pequod [...], Pip. Pip (apelidado de "Pippin": - Colosso, em inglês -, mas "Pip" para encurtar, dado ser ele de estatura reduzida) é um jovem negro americano com origens incertas. Pip, que quando saltou de um barco foi deixado debatendo-se na água como [...] outro náufrago solitário [...], até que por acaso ele foi resgatado pelo Pequod. Confrontado com a [...] intensa concentração de si no meio de uma imensidão tão insensível [...], Pip enlouquece. Ismael, no entanto, imaginou que Pip tivera uma experiência mística: [...] Então, a insanidade do homem é o sentido do céu [...]. Mais tarde, Ahab simpatiza com Pip e traz o menino sob sua proteção. Embora suas respostas individuais aos desafios da vida possam ser diferentes, os seres humanos correm o risco de compartilhar o sofrimento de Pip.

 Com papel importante no princípio da narrativa, mas que se desvanece do decorrer do drama, Queequeg, um canibal tatuado, é o primeiro dos principais personagens encontrados por Ismael, estabelecendo rapidamente forte laço de amizade e relação de igualdade entre aquele e o marinheiro branco, mostrando o tema básico de Melville: democracia e diversidade racial a bordo. O caixão de Queequeg simboliza alternadamente a vida e a morte. Queequeg o construiu quando estava gravemente doente, mas quando ele se recupera, ele se transforma em baú para guardar seus pertences e um emblema da sua vontade de viver. Ele perpetua o conhecimento tatuado em seu corpo, esculpindo-o sobre a tampa do caixão. O caixão aparece principalmente para simbolizar a vida, de uma forma mórbida, quando substitui o escaler do Pequod. Quando o Pequod afunda, o caixão se torna a boia salva-vidas de Ismael, salvando não só a sua vida, mas a vida da narrativa que ele vai repassar: renascer para uma nova vida.

 A busca do conhecimento requer confrontar o desconhecido e talvez o incognoscível, os quais podem representar perigos físicos e mentais: [...] Considere-se então, ambos, o mar e a terra; e não se irá encontrar uma estranha analogia de algo dentro de si?  Porque, assim como este oceano terrível circunda a terra verdejante, assim a alma do homem não reside numa ilha como Taiti, cheia de paz e alegria, mas abrangida pela semiconsciência da vida. Deus te guarde! Jamais deixe aquela ilha, tu nunca poderás retornar! […]



 Finalmente, para que serviriam estas reflexões sobre significados de símbolos, interpretações de alegorias, decodificações criptográficas se não para tentar encontrar um sentido para nossas vidas? A busca de meios e caminhos para desbravar a incompreensão do ser humano sobre o significado da sua própria existência o conduz ao eterno retorno, onde o bem e o mal, a angústia e o prazer, são instâncias complementares da realidade - instâncias que se alternam indefinidamente.
Alegoria da Verdade
No quadro pintado por Jules-Joseph Lefebvre a Verdade, esta, em pé,
 nua, ergue para o céu um espelho hirto na sua mão direita,
resplandecente, auréola do sol que ele reflete.

 Como a realidade não tem sentido, nem objetivo ou finalidade (pois se tivesse já a teria alcançado), a alternância nunca finda. Assim, vemos sempre os mesmos fatos retornarem continuamente e, quando percebemos a inutilidade deste mergulho na busca de respostas, nós nos deparamos com nosso próprio reflexo no espelho da Verdade. Então, nos voltamos para o tranquilo e perpétuo passado, com aquele quê de eternidade, como um quadro ou uma estátua de bronze. Indiferente às tempestades e convulsões do presente, conserva sua calma e dignidade e tenta os espíritos conturbados a buscar refúgio em suas catacumbas abobadadas. Lá, sob os ossos do que viveu antes dele encontra paz e segurança, e o homem-menino pressente, de alguma forma, uma qualidade espiritual.

domingo, 2 de outubro de 2011

O maçon Mozart


Wolfgang Amadeus Mozart é talvez o maçon mais famoso. Para se ter uma ideia, se se fizer uma busca no Google utilizando a palavra chave Mozart, encontra-se nada mais nada menos do que 42 milhões de páginas referenciadas; pesquisando nestes resultados com a palavra chave maçon, obtém-se, para o conjunto Mozart maçon o número de 213.000 páginas referenciadas; se, em vez de maçon, efectuarmos, nos resultados obtidos com a pesquisa Mozart, outra pesquisa, agora com a palavra chave mason, em inglês, para este conjunto Mozart mason o número de páginas referenciadas sobe para 1.030.000!

Em resumo, não é segredo para ninguém que Mozart foi maçon e mesmo os mais distraídos podem facilmente tropeçar com essa informação na Rede. É assim evidente que uma galeria de Maçons célebres não pode deixar de conter um texto sobre o mais célebre dos célebres maçons! Eis então um breve retrato do maçon W. A. Mozart.

Mozart tinha onze anos quando, atingido pela varíola, foi tratado por um médico vienense de apelido Wolff, que era um conhecido maçon. Em agradecimento pela sua cura, Mozart compôs uma melodia que ofereceu ao Dr. Wolff, que intitulou An die Freude (À alegria). O texto musicado era claramente de inspiração maçónica e o jovem Mozart não poderia ter composto a melodia sem conhecer o seu sentido.

Um ano mais tarde, Mozart travou conhecimento com o célebre Dr. Messmer, também maçon.

Aos dezasseis anos de idade, Mozart compôs O heiliges Band (Ó Sagrada Escritura), sobre um texto de Lens existente num conjunto de textos maçónicos, reservado apenas aos maçons e a que, naturalmente, era suposto nenhum profano ter acesso...

Um ano mais tarde, um maçon importante, von Gebler, encomendou a Mozart dois coros e cinco entreactos para acompanhar um drama heróico, Thamos, rei do Egipto (prefigurando o que mais tarde virá a ser uma ópera intitulada A Flauta Mágica).

Ou seja, entre os 11 e os 17 anos o contacto de Mozart com maçons e a sua forma de pensar e ver o Mundo foi frequente.

Em 1783, tinha então Mozart 27 anos de idade, o famoso Gemmingen, que conhecia o compositor, instala a sua própria Loja Maçónica em Viena e convida Mozart para se juntar a ela e aí exercer o ofício de Mestre da Harmonia. Mozart reflecte. Em Novembro do ano seguinte, apresenta a sua candidatura à Loja Zur Wohlthätigkeit (Beneficência). Foi aí iniciado em 14 de Dezembro de 1784.

A 7 de Janeiro de 1785 (apenas 24 dias depois da sua iniciação!), Mozart é, na Loja Zur wahren Eintracht (Verdadeira Concórdia), passado ao grau de Companheiro. A 10 de Janeiro, termina o Quarteto de Cordas em Lá Maior (K 464), no qual o movimento Andante se refere ao ritual de Iniciação Maçónica. A 13 de Janeiro (6 dias depois da passagem a Companheiro, 30 dias depois da sua Iniciação!), Mozart é elevado ao grau de Mestre. Quatro dias mais tarde, compõe um Quarteto de cordas em Dó Maior (K 465), que se refere ao grau de Companheiro. Em Março de 1785, termina o Concerto em Dó Maior (K 467), cujo Andante faz claramente alusão ao terceiro grau, o de Mestre.

A 6 de Abril de 1785, participa na cerimónia de Iniciação do seu próprio pai, Leopold Mozart.

Mozart participa em inúmeras reuniões de Loja e compõe numerosas obras destinadas a serem tocadas em sessão. Visita as Lojas Zu den drei Adlern (Três Águias) e Zur gekrönten Hoffnung (Esperança Coroada).

Entretanto, a doença que lhe virá a ser fatal (o síndroma de Schönlein-Henoch) progride. Mozart compõe as suas três grandes obras com simbologia maçónica: A Clemência de Tito, a Flauta Mágica e o Requiem.

A morte de Mozart origina uma reunião de exéquias fúnebres de seus Irmãos. Uma oração fúnebre proferida na ocasião foi impressa. Hoje, dela resta apenas um exemplar. Eis a sua tradução:
O Grande Arquitecto do Universo acaba de retirar à nossa Cadeia Fraternal um dos elos que nos era mais caro e mais valioso. Quem não o conhecia? Quem não amou o nosso tão notável Irmão Mozart? Há poucas semanas ainda, ele encontrava-se entre nós, glorificando com a sua encantadora música a inauguração deste Templo. Quem de nós imaginaria que seria tão rapidamente arrancado do nosso seio? Quem poderia saber que três semanas depois choraríamos a sua morte? É o triste destino imposto ao homem, de deixar a vida deixando a sua obra inacabada, e tão excelente ela é. Mesmo os réis morrem deixando à posteridade as suas intenções inacabadas. Os artistas morrem depois de terem devotado as suas vidas a melhorar a sua arte para atingirem a perfeição. A admiração de todos acompanha-os ao túmulo.No entanto, se os povos choram, os seus admiradores não tardam, muito frequentemente, a esquecer-se deles. Os seus admiradores talvez, mas não nós, seus Irmãos! A morte de Mozart é para a arte uma perda irreparável. Os seus dons, reconhecidos desde a infância, tinham feito dele uma das maravilhas deste tempo. A Europa soube-o e admirou-o. Os príncipes gostaram dele e nós, nós poderíamos chamá-lo: “meu irmão”. Mas se é óbvio honrar o seu génio, não nos devemos esquecer de comemorar a nobreza do seu coração. Foi um membro assíduo da nossa Ordem. O seu amor fraternal, a sua natureza inteira e devotada, a sua caridade, a alegria que mostrava quando beneficiava um de seus irmãos com a sua bondade e o seu talento, tais eram as suas imensas qualidades, que nós louvamos neste dia de luto. Era simultaneamente um marido, um pai, o amigo de seus amigos e o irmão de seus irmãos. Se tivesse tido fortuna, faria todos tão felizes como ele desejaria.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Símbolo Perdido

O novo livro de Dan Brown, "The Lost Symbol” (O Símbolo Perdido), está fazendo para os Franco-Maçons aquilo que o seu antecessor, “The Da Vinci Code” (O Código da Vinci) fez para a Opus Dei da Igreja católica - fama em abundância, e novas ficções - numa fraternidade que já se constitui em nêveda para os teóricos da conspiração.

Desde muito antes do “The Lost Symbol”, os Franco-Maçons têm sido acusados de tudo, desde conspirar com os extraterrestres para a prática de desvios sexuais até de participar de rituais ocultos para dominar o mundo - ou tentar acabar com ele. Detratores incluem-se entre teóricos da conspiração global e organizações religiosas, inclusive a Igreja Católica.

Lançado hoje, “The Lost Symbol” não é suscetível de esmagar qualquer rumor, começando pelo que se faz com um crânio cheio de vinho, poderosos comerciantes adornados de jóias e um sombrio templo maçônico há alguns passos de distância da Casa Branca.

Mas como, se os Franco-Maçons - a maior sociedade secreta internacional do mundo - são apenas um bando de sujeitos no afã de se socializar, sem rituais satânicos, procurando o auto-aperfeiçoamento e oferecendo serviços à comunidade?

Para separar o fato Franco-Maçom do mito estilo Lost Symbol, a National Geographic News entrou nos séculos da velha Ordem com dois Maçons e um historiador da antiga Ordem cristã da qual alguns afirmam terem os Franco-Maçons surgido no século XVII ou XVIII.



MITO FRANCO-MAÇOM 1
A Simbólica Maçônica Está em Toda Parte

É verdade que os símbolos maçônicos estão longe de estar perdidos, declarou o historiador Maçom Jay Kinney, autor do recém-lançado “O Mito Maçônico”.

(Veja: "LOST SYMBOL PICTURES: Símbolos Maçônicos Decodificados." ) http://news.nationalgeographic.com/news/2009/09/photogalleries/lost-symbol-dan-brown-masonic-symbols-pictures/index.html

A Franco-Maçonaria é rica em símbolos, e muitos são onipresentes - pense no pentagrama, ou estrela de cinco pontas, ou o "olho que tudo vê" no Grande Selo dos Estados Unidos.

Mas a maioria dos símbolos maçônicos não são exclusivos da Franco-Maçonaria, afirmou Kinney.

"Eu vejo o uso de símbolos maçônicos como agarrar um saco e ir retirando daqui, dali e de toda parte", disse ele. "A Franco-Maçonaria emprega-os à sua própria moda."

O pentagrama, por exemplo, é muito mais antigo do que a Franco-Maçonaria e adquiriu suas conotações ocultistas só nos séculos XIX e XX, centenas de anos depois que o maçom tinha adotado o símbolo.

Da mesma forma, o olho que tudo vê viu o seu caminho para o Grande Selo e para o dólar americano através do artista Pierre Du Simitiere, um não-maçom.

O olho representa a orientação divina do navio do estado EUA, ou como o Secretário do Congresso dos EUA Charles Thompson colocou em 1782, faz referência "a muitos sinais de interposições da providência em favor da causa americana".

Houve um conhecido Maçom do comitê para a concepção do selo, Benjamin Franklin. Seu desenho proposto foi sem o olho, e rejeitado.

MITO FRANCO-MAÇOM 2
Maçons descendem dos Cavaleiros Templários

Muito foi feito pela linhagem dos Franco-Maçons, supostamente iniciada com os Cavaleiros Templários. A poderosa ordem militar e religiosa foi criada para proteger os peregrinos medievais na Terra Santa e dissolvida pelo Papa Clemente V, sob pressão do Rei Filipe IV de França, em 1312.

Depois do aparecimento da moderna Franco-Maçonaria na Inglaterra dos séculos XVII ou XVIII, alguns Franco-Maçons alegaram ter adquirido os segredos dos Templários e adotado símbolos Templários e terminologia, nomeando certos níveis de hierarquia maçônica à maneira dos "graus" dos Templários, por exemplo.

"Mas aqueles [Cavaleiros Templários] graus e ordens maçônicas não tinham qualquer ligação histórica com os originais Cavaleiros Templários", explicou Kinney.

"Estes são mitos ou figuras simbólicas que foram usados pelos Maçons. Mas, porque a associação tinha sido feita com esses graus e os graus se perpetuaram em si mesmos, depois de certo tempo começaram a ser vistos como se houvesse uma conexão."

Helen Nicholson, autora de “Os Cavaleiros Templários: Uma Nova História” concorda que não há possibilidade de que os Franco-Maçons sejam de alguma forma descendentes dos Templários.

Na época dos primeiros Maçons, a historiadora da Universidade de Cardiff afirmou, "não havia mais Templários".



MITO FRANCO-MAÇOM 3
Maçons Estão Escondendo Tesouro Dos Templários

Uma das teorias Templários/Maçons mais animada sugere que alguns Templários sobreviveram à destruição da Ordem do século XIV, refugiando-se na Escócia, onde eles esconderam um fabuloso tesouro debaixo da capela Rosslyn (como visto em “O Código Da Vinci”).

O tesouro, e a tradição dos Templários, acabou por ser transmitido aos fundadores da Franco-Maçonaria; a história continua.

Na verdade, havia um tesouro dos Templários, declarou Nicholson, mas acabou em outras mãos há muito tempo.

"A razão mais provável [os Templários foram dissolvidos] é que o rei queria o seu dinheiro. O rei da França estava falido, e os Templários tinham muito dinheiro."

MITO FRANCO-MAÇOM 4
As Ruas De Washington, DC Formam um Gigantesco Símbolo Maçônico

Há muito tempo se sugeriu que poderosos Franco-Maçons incorporaram símbolos maçônicos no plano viário de Washington, DC, projetado principalmente pelo francês Pierre L'Enfant em 1791.

The Lost Symbol é esperado com destaque para um “mapeamento maçônico", detectando pentagramas e outros símbolos ligando pontos entre marcos de referência. Pistas lançadas pelo autor Dan Brown no pré-lançamento, por exemplo, inclui as coordenadas GPS para pontos de referência de Washington.

"Individualmente, os Franco-Maçons têm um papel na construção da Casa Branca, na construção e concepção de Washington, DC" disse Mark Tabbert, diretor das coleções no George Washington Masonic Memorial, em Alexandria, Virgínia. “E [em menor escala] símbolos maçônicos podem ser encontrados em toda a cidade, assim como podem ser encontrados na maioria das cidades dos EUA".

Mas não há nenhuma mensagem maçônica no plano viário da cidade, declarou Tabbert. Para começar, Pierre L'Enfant não era Maçom.

E, Tabbert indagou, por que os Franco-Maçons assumiriam o incômodo de abrir um traçado de ruas para combinar com os seus símbolos?

"Tem que haver uma [razão] para fazer uma coisa dessas", disse Tabbert, ele próprio um Maçom. "Dan Brown vai encontrar uma, porque ele escreve ficção. Mas não há uma razão".

MITO FRANCO-MAÇOM 5
Franco-Maçons Governam o Mundo

Talvez seja a impressionante lista de Franco-Maçons proeminentes - de Napoleão a Franklin Delano Roosevelt e ao rei Kamehameha (IV e VI) – que leva alguns a sugerir que o grupo é uma pequena cabala regendo o Globo. Mas Kinney, o historiador da Maçonaria pinta um retrato de um grupo enormemente descentralizado que poderia ter problemas para executar qualquer coisa com muita eficiência.

"Eu acho que os ideais que a Franco-Maçonaria encarna, que têm a ver com a fraternidade universal, são compartilhados por Franco-Maçons de todo o mundo [não obstante] diferenças religiosas, políticas ou nacionais", afirmou ele.

"Mas, ter compartilhado ideais é uma coisa, ter algum tipo de hierarquia compartilhada é algo completamente diferente."

Kinney observou que os EUA sozinho tem 51 Grã Lojas, uma para cada estado e o Distrito de Colúmbia. Cada uma destas organizações largamente independentes supervisiona suas muitas (ou recentes) lojas azuis locais e tem pouca coordenação efetiva com outras Grã Lojas.

Internacionalmente, Lojas maçônicas não só não falam a uma só voz, mas às vezes até se recusam a reconhecer a existência das outras.

Além disso, muitos Franco-Maçons pensam independentemente e tendem a resistir a editais vindos de cima, afirmou Kinney. "Não há nenhuma possibilidade de que eles possam ser submetidos por uma única hierarquia. Não existe essa entidade."

MITO FRANCO-MAÇOM 6
A Franco-Maçonaria é Uma Religião – Ou um Culto

Mas, os Franco-Maçons salientam que sua organização não é uma religião, ou seja, ela não tem uma teologia exclusiva e não representa um caminho para os crentes visando à salvação ou outras recompensas divinas.

Mesmo assim, para ser aceito na Franco-Maçonaria, o iniciado deve acreditar em um deus - qualquer deus. Os cristãos podem ser a maioria, mas os judeus, muçulmanos e outros são bem representados nos círculos maçônicos. Nos encontros em Loja, discussões sobre religião são tradicionalmente tabu, afirmaram Kinney e Tabbert.

Mas, alguns líderes religiosos acreditam que os rituais maçônicos e crenças, com seus templos, altares e juramentos, constituem uma fé antagônica. E a recusa maçônica de classificar uma religião acima das outras nem sempre foi popular.

A declaração católica de 1983 aprovada pelo papa João Paulo II, por exemplo, afirmou que "os católicos inscritos em associações maçônicas estão envolvidos em pecado grave e não podem se aproximar a Sagrada Comunhão".

MITO FRANCO-MAÇOM 7
Os Franco-Maçons Iniciaram a Revolução Americana

Franco-Maçons proeminentes, como Benjamin Franklin e George Washington desempenharam papéis essenciais na Revolução Americana. E entre as fileiras dos Franco-Maçons 9 são signatários da Declaração da Independência e 13 signatários da Constituição.

Mas a Franco-Maçonaria - além do mais, nascida na Grã-Bretanha - tinha adeptos de ambos os lados do conflito. Tabbert, do George Washington Masonic Memorial, afirmou que os grupos maçônicos permitiam que homens em ambos os lados da revolução se reunissem juntos como irmãos – mas, não para promover discussões políticas, o que seria contra a tradição maçônica.

"Por muitos anos [Maçons] reclamaram para si, para seu meio-conhecimento que todos esses revolucionários e patriarcas Fundadores eram Franco-Maçons", Tabbert afirmou. "Vários deles o foram, mas eles não estavam fazendo essas coisas porque eles eram Franco-Maçons."

MITO FRANCO-MAÇOM 8
A Adesão Exige Obscuras Conexões

Ao contrário do The Lost Symbol, você não tem que beber vinho num crânio para se tornar um Maçom. Na verdade, a tradição reza que os Maçons não recrutam membros, mas simplesmente aceitam aqueles que se aproximam por sua própria vontade.

Quando a Franco-Maçonaria atingiu seu pico nos EUA durante a década de 1950, Kinney, o historiador maçônico, afirmou que quase um em cada dez homens adultos qualificados era membro - de um total de cerca de quatro milhões e dificilmente fariam uma pequena elite.

Hoje, os números de adeptos, como os de outras organizações fraternas, diminuíram drasticamente e apenas cerca de 1,5 milhões de homens americanos são Maçons.

Mas com The Lost Symbol já despertando o interesse na Franco-Maçonaria, centros maçônicos estão se preparando para os turistas - e talvez alguns novos recrutas.

1. O que é "The Lost Symbol?"

The Lost Symbol é um romance escrito por Dan Brown e publicado pela Doubleday. É a continuação de seu romance de 2003, O Código Da Vinci. A editora anunciou, no Verão de 2009 que o livro seria lançado em 15 de setembro de 2009. A novela traz novamente o ficcional solucionador de mistérios, o simbologista de Harvard Robert Langdon. Ele é encenado em Washington, DC, e a história se passa durante um período de 12 horas. O personagem Langdon também apareceu em 2000 no romance de Brown, Anjos & Demônios.

Segundo um artigo publicado pela Reuters em 8 de julho de 2009:

1. Jason Kaufman, o editor americano de Brown da Knopf, Doubleday com selo da Random House, afirmou em um comunicado extensamente divulgado que o livro é "amplamente" encenado em Washington, mas "é uma Washington poucos reconhecem."
2. "Como seria de esperar, ele retira o véu, revelando um mundo invisível de misticismo, sociedades secretas e locais ocultos, com um toque muito impressionante que antecede a América", disse Kaufman.

O próprio Brown revelou em 2006 que a data de lançamento do livro teria significado. A soma dos números 15/9/09 é igual a "33".

2. O que "The Lost Symbol" tem a ver com a Franco-Maçonaria?

Quando a edição de capa dura de "O Código Da Vinci" foi publicada, Dan Brown colocou intencionalmente pistas na arte da capa sobre o seu próximo romance. Os livros de Brown fazem uso freqüente de simbolismo e quebras de códigos secretos. Nas orelhas da edição de capa dura original, algumas letras foram impressas mais escuras do que outras. Quando copiadas em ordem, elas revelaram uma frase de significado ritual específico para Franco-Maçons. O primeiro título anunciado do livro era "The Solomon Key" (A Chave de Salomão), e a história bíblica da construção do Templo de Salomão no ano 1000 aC com suas origens míticas é central para as cerimônias rituais da Franco-Maçonaria.

Em maio de 2004, Brown fez um discurso raro em Concord, New Hampshire, e declarou que sua sequência de “O Código Da Vinci” seria sobre os Franco-Maçons. Ele acrescentou que os Franco-Maçons devem estar felizes porque existe muita desinformação sobre o grupo.

Tão logo The Lost Symbol foi publicado, a especulação chegou ao fim. A Franco-Maçonaria realmente aparece ao longo do livro, e é fundamental para a história. A sede do Rito Escocês, Jurisdição Sul, a Casa do Templo, é o cenário para importantes (e angustiantes) sequências na história.

Por que há Franco-Maçons preocupados com a sua referência em uma novela que está claramente marcada como ficção?

Dan Brown afirmou em seus romances que as sociedades secretas e organizações que aparecem em seus romances são baseadas em fatos. Conquanto grupos como os Illuminati da Bavária do século XVIII e da moderna organização católica Opus Dei existiram de fato, eles têm pouca semelhança com o universo ficcional de Brown. Essa é uma prerrogativa do romancista. Infelizmente, os leitores nem sempre estão cientes da diferença entre fato e ficção.

O tratamento que Dan Brown dá à Franco-Maçonaria no The Lost Symbol é extremamente positivo, mas ele se envolve em alguma licença dramática em virtude da sua trama.

Durante três séculos, quase que imediatamente após a sua formação moderna em 1717 em Londres, a Fraternidade da Franco-Maçonaria tem sido alvo de selvagens acusações e desinformação. Este web site foi criado pela Sociedade Maçônica, em cooperação com a Associação Maçônica de Assistência da América do Norte e do George Washington Masonic Memorial como um projeto em curso para abordar os assuntos referentes à Franco-Maçonaria que são encontrados no The Lost Symbol de Brown, bem como para explicar as suas referências históricas, práticas, cerimônias, filosofia e simbolismo da Maçonaria.

3. Informações Pré-lançamento

De acordo com informações preliminares divulgadas pela Doubleday, a tiragem global inicial no idioma Inglês do The Lost Symbol foi de 6,5 milhões de cópias. Esta é a maior tiragem inicial de todos os tempos pela Random House, uma unidade do grupo alemão de mídia, Bertelsmann AG. O livro vendeu 1 milhão de cópias em seu primeiro dia de lançamento, 2 milhões após a primeira semana, e a Doubleday ordenou uma tiragem adicional de 600.000 cópias após a segunda semana, com base na sua popularidade.

O romance anterior de Dan Brown, O Código Da Vinci já vendeu mais de 81 milhões de cópias desde seu lançamento em 2003 e superou listas de best-sellers mundiais. É o sexto livro mais popular da história. Por conseguinte, não seria exagerado acreditar que The Lost Symbol tem potencial para vender um mínimo de 40-50 milhões de cópias, e provavelmente mais.

4. O que é a Franco-Maçonaria?

A Franco-Maçonaria é a maior, a mais antiga e mais conhecida organização fraternal do mundo. Miticamente descendente dos construtores do Templo de Salomão, em Jerusalém, a Franco-Maçonaria acredita ter se desenvolvido a partir das corporações de ofício dos maçons europeus que construíram castelos e catedrais durante a Idade Média. Construções temporárias chamadas alojamentos (lojas) foram construídos ao lado das catedrais e os maçons usavam-nas para encontrar-se, receber seus salários, planejar seu trabalho, treinar novos aprendizes, e confraternizar.

A primeira Grã Loja foi criado na Inglaterra em 1717, transformando o ofício de maçons "operativos", que construíram edifícios, em uma fraternidade "especulativa" que usou o simbolismo, ferramentas e terminologia maçonicos medievais como ilustrações para a construção do caráter. Cerimônias maçônicas usam histórias lendárias da construção do templo bíblico do Rei Salomão, como símbolos para a construção de um templo interior no coração do ser humano.

Pelos anos de 1730 a Franco-Maçonaria se espalhou para as colônias norte-americanas. A Franco-Maçonaria circundou o globo a bordo dos navios da colonização britânica, francesa e holandesa. Benjamin Franklin, George Washington, John Hancock, Paul Revere, e muitos outros Edis Fundadores estavam entre os primeiros Franco-Maçons nos Estados Unidos. Após a Revolução Americana, Grã Lojas foram criados em cada estado.

A Franco-Maçonaria é baseada na crença de que cada homem pode fazer a diferença no mundo, melhorando a si mesmo, e tendo um papel ativo na sua comunidade. É uma entidade benevolente, fraternal e educacional. No entanto, a Franco-Maçonaria proíbe discussão, nas reuniões maçônicas sobre religião, crenças, política ou outros temas prováveis para excitar animosidades pessoais.

Associação à Franco-Maçonaria é aberta a pessoas que acreditam em um Ser Supremo e que reúnem qualificações e padrões de caráter e reputação. Um dos costumes da Franco-Maçonaria não é o de angariar membros, mas qualquer pessoa é bem-vinda para pedir informações sobre adesão à fraternidade.

Organizações relacionadas que baseiam suas adesões à filiação maçônica incluem o Rito de York (formado por Royal Arch, Conselho Críptico e Cavaleiros Templários), o Rito Escocês Antigo e Aceito, os Graus Maçônicos Unidos, a Ordem da Estrela do Oriente, a Ordem do Amaranto, Relicário Internacional e as Criptas da América do Norte. Grupos de jovens relacionados à Maçonaria incluem a Ordem DeMolay Internacional para Meninos, Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas e Filhas de Jó Internacional.

A Franco-Maçonaria inicia seus membros usando três rituais cerimoniais, conhecidos como graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom. Um Franco-Maçom pode participar durante toda a sua vida de qualquer outra organização maçônica, não importando como esta outra organização descreva ou numere seus graus, pois não há grau de renque superior ou de importância na Franco-Maçonaria acima do 3° grau, o de Mestre Maçom.

Hoje, há pelo menos 3 milhões de Franco-Maçons em todo o mundo, incluindo 1,5 milhões nos Estados Unidos, e há milhares de lojas maçônicas locais a ser encontradas ao redor do globo. Não existe uma organização nacional ou internacional que rege a Franco-Maçonaria. Na América do Norte e Austrália, cada estado ou província tem sua própria organização, chamada de Grã Loja, que reivindica a "soberania" sobre as Lojas em seu território. Fora da América do Norte ou Austrália, a maioria dos países têm suas próprias Grã Lojas. Existem acordos entre as Grãs Lojas que permitem a visitação e reconhecimento entre os membros umas das outras, muitas vezes usando o termo "regular".

Outra organização maçônica estreitamente relacionada é a Prince Hall Affiliated (PHA) de Grã Lojas, grupo predominantemente afro-americano. A organização tem o nome de Prince Hall, um negro liberto, de Boston, que iniciou uma Loja em 1775. Há cerca de 300.000 Franco-Maçons afiliados à Prince Hall nos EUA e outros países ao redor do mundo.

Há também organizações concorrentes que não são consideradas regulares ou reconhecidas pela corrente em voga das Grã Lojas, e freqüentemente causam embaraços tanto dentro como fora da Fraternidade.

5. Símbolos maçônicos nas capas

As capas do pré-lançamento das edições nos EUA e Reino Unido / Austrália do The Lost Symbol foram divulgadas em 9 de julho de 2009. A versão EUA da capa mostra o edifício do Capitólio, alocando a história em Washington, DC (Brown afirmou, durante vários anos que a história teria lugar em Washington, DC)

O selo de lacre representa uma águia de duas cabeças, assemelhando-se ao selo do Rito Escocês da Franco-Maçonaria, o nº 33 e a frase em latim Ordo ab Chao (Ordem no Caos). O selo tem como pano de fundo símbolos do zodíaco e alquímicos.

A versão britânica da capa mostra uma chave flamejante com um esquadro maçônico e compasso sobre uma foto do edifício do Capitólio dos EUA. Isto faz parcialmente alusão ao título do livro originalmente anunciado, “A Chave de Salomão”.

(O símbolo é semelhante a um dispositivo gráfico utilizado pelo maçom e autor Robert Lomas em uma série de livros que usam o termo "A Chave de Hiram".)

Na contracapa da edição EUA, aparece uma mensagem codificada, escrita em uma variação de uma assim chamada “Escrita maçônica cifrada”, que é explicada no livro.

7. O que é o Rito Escocês?

O Rito Escocês Antigo e Aceito é um sistema da Franco-Maçonaria. Apesar do nome, o Rito Escocês realmente não é escocês, mas principalmente francês. O nome, acredita-se, aparece sob influência dos Franco-Maçons escoceses Jacobitas vivendo em exílio na França, no início dos anos 1700.

Em certos corpos do Rito Escocês uma série de graus maçônicos enumerados de 4 a 32 são atribuídos. Nos Estados Unidos, estes graus são reconhecidos como uma série de interpretações dramáticas que ilustram algumas lições de moral e filosofia. Para participar do Rito Escocês e receber seus graus é necessário, primeiro, a participação em uma Loja Maçônica. Dos 1,5 milhões de Franco-Maçons nos EUA, cerca de 500.000 são Franco-Maçons do Rito Escocês.

Para tornar-se um Maçom do grau 32° do Rito Escocês, nos EUA, não é necessário assistir ou participar em todos os vinte e nove graus do Rito. Um candidato pode participar, por exemplo, dos graus 4º, 14°, 18°, 30°, 31° e 32°, e não dos outros, no meio, mas ainda é considerado um Maçom do grau 32°.

Em virtude dos graus serem literalmente grandes produções teatrais que exigem grandes elencos, adereços, cenários, iluminação e música, nem todos eles são apresentados de uma só vez para cada classe de candidatos. Além disso, eles poderiam simplesmente receber uma breve palestra ou explanação de um grau, terem demonstrados os sinais e senhas - isso é chamado de "comunicar" o grau. Muitos capítulos do Rito Escocês (chamados "vales") alternam a apresentação dos outros graus ao longo de tantos anos que um candidato pode eventualmente ver todos eles. Mas, a partir do momento que lhe é conferido o grau 32°, um homem é considerado um Maçom 32 ° do Rito Escocês.

Além disso, o Rito Escocês confere um 33° grau, "Inspetor Geral". Este é um oficial Franco-Maçom honorário para do Rito Escocês que fez alguma contribuição significativa para a sociedade ou para a Franco-Maçonaria em geral. Longe de ser um "segredo", os recipiendários são anunciados em jornais públicos, e têm direito a apor o G 33° após seus nomes. No entanto, estes graus são muitas vezes mal compreendidos pelo público. Um Maçom do grau 32° ou 33° não é considerado um "high-ranking Mason" (Maçom de alto escalão) simplesmente em virtude de seu número de graus.

Aquele que for eleito para servir como integrante do Conselho Diretor do Supremo Conselho deve ser Franco-Maçon do grau 33° e é conhecido como "Soberano Grande Inspetor Geral". O oficial superior de uma jurisdição do Rito Escocês é um “Soberano Grande Comendador”.

Independentemente de qualquer outra organização maçônica, um Franco-Maçom pode participar durante toda a sua vida e não importa como qualquer outra organização possa descrever ou enumerar seus graus, pois não há grau superior ou de maior importância na Franco-Maçonaria do que o grau 3°, o Mestre Maçom. Os graus do Rito Escocês são comparáveis a educação continuada, não autoridade superior.

O Rito Escocês Antigo e Aceito em cada país é governado por um Supremo Conselho. Não existe um organismo internacional de governo único. Cada Supremo Conselho é soberano na sua própria jurisdição. O território dos EUA é dividido em dois órgãos diretivos do Rito Escocês.
✦ O Supremo Conselho de Rito Escocês Antigo e Aceito da Jurisdição maçônica do Norte rege o Rito em 15 estados, mais a norte da linha Mason-Dixon e do leste do Mississipi. A sede é em Lexington, Massachusetts.
✦ O Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, Southern Jurisdiction foi formado primeiro em Charleston, Carolina do Sul, e agora está sediado em Washington, DC. Sua construção é conhecida como “A Casa do Templo” e está localizado na 1733 NW 16th St. . A Jurisdição do Sul governa os restantes 35 estados.

8. As páginas de abertura de "The Lost Symbol" descrevem uma cerimônia do 33° grau do Rito Escocês. Franco-Maçons realmente bebem em crânios?

O crânio tem aparecido durante séculos como um símbolo comum de mortalidade, não só em diferentes graus do ritual maçônico, mas em muitas outras organizações históricas, fraternais e religiosas. O termo em latim, memento mori, significa "lembre-se, você vai morrer", e é muitas vezes acompanhado da imagem de uma caveira como um lembrete sobre o fim da vida física. Tais imagens específicas apareceram há muito tempo, como em Pompéia no século 1º dC.

A cerimônia específica descrita por Brown no prólogo do “The Lost Symbol” parece ser adaptada de uma exposição sensacionalista, Scotch Rite Masonry Illustrated, publicada em 1887 pelo Reverendo John Blanchard. A descrição do grau 33° de Blanchard foi repetida por muitos autores anti-Franco-Maçons ao longo dos anos, mesmo não trazendo nenhuma exatidão.

9. A pirâmide é um símbolo comum na Franco-Maçonaria?

Não. Central para o enredo em “The Lost Symbol” é uma pirâmide que o personagem Robert Langdon carrega por toda parte na procura de pistas. A pirâmide não aparece no simbolismo da Franco-Maçonaria aceita e seus grupos apensos, o Rito Escocês ou o Rito de York. Isto é um mito que perdura há muito.

Nem a "pirâmide inacabada" encimada pelo "olho que tudo vê" encontrada no Grande Selo dos Estados Unidos, nem a que consta no verso da nota de um dólar americano são um símbolo maçônico.

O olho que tudo vê dentro de um triângulo apareceu naturalmente como uma representação artística do Deus católico na arte da Renascença, no século XVI, com o triângulo representando a trindade. O símbolo, com ou sem o triângulo trinitário tem sido usado por muitos grupos religiosos e fraternais como uma representação não-denominacional de Deus.

10. O livro de Dan Brown alega que membros do alto escalão do governo são Franco-Maçons. Verdade?

Houve quatorze presidentes americanos que foram Franco-Maçons, sendo o último Gerald Ford (Ronald Reagan foi feito membro honorário do grau 33° do Rito Escocês, que não tem legitimidade maçônica real; Bill Clinton era um membro do grupo de jovens Franco-Maçons, a Ordem DeMolay, como um adolescente, mas nunca se tornou um Maçom, nem George H. W. Bush, nem George W. Bush são Franco-Maçons, Barack Obama não é Maçom).

Quanto aos membros do Congresso, os líderes militares, membros do gabinete e outras autoridades importantes do governo, as organizações maçônicas não mantêm registros oficiais sobre irmãos contemporâneos famosos e suas posições, e mesmo que tivessem, não tornariam estas informações privadas, públicas.

11. É permitido ao público visitar os edifícios maçônicos que aparecem em "The Lost Symbol?"

Sim. Tanto a sede do Rito Escocês, Jurisdição do Sul, a Casa do Templo em 1733 NW 16th Street, em Washington DC e o George Washington Masonic Memorial, em frente à Estação Amtrak. É necessário consultar seus respectivos sites de horários, locais e detalhes.

12. Por que tão secreto?

A Franco-Maçonaria não tem segredos, mas o segredo maçônico é um dos aspectos mais incompreendidos da Fraternidade. A Franco-Maçonaria ensina a sua filosofia para os seus membros através do simbolismo, e o segredo é realmente um símbolo de honra.

Originalmente, as guildas medievais dos Franco-Maçons mantinham as práticas e o conhecimento do seu negócio como segredos muito bem guardados, não somente para proteger o valor da sua subsistência como também para garantir que apenas pessoas qualificadas fossem empregadas. Da mesma forma, senhas e sinais secretos foram desenvolvidos para que os membros da guilda, em diferentes partes do país pudessem reconhecer uns aos outros, mesmo que eles nunca tivessem se encontrado.

Estas tradições foram mantidas pelos Franco-Maçons modernos. Se uma pessoa não pode merecer confiança para guardar um segredo simples, como uma senha ou um aperto de mão, a sua palavra não é muito confiável. Ele não é uma pessoa honrada.

Existem outros segredos, além destes dois modos de reconhecimento. Alguns têm a ver com as especificidades dos rituais maçônicos e cerimônias de iniciação. Outros são mais pessoais e diferentes para cada Maçom. Como todas as experiências iniciáticas do mundo, os verdadeiros segredos da Franco-Maçonaria são os efeitos que seus ensinamentos e cerimônias têm sobre o indivíduo, e como ele aplica-os à sua vida.
GEOGRAPHIC NEWS
Brian Handwerk
para a National Geographic News
15 de setembro de 2009